MORUMBI | CAXINGUI | BUTANTÃ |CAPELA DO MORUMBI | CASA DO SERTANISTA| CASA DO BANDEIRANTE | 02.09.2018 – 17.02.2019

O Museu da Cidade de São Paulo se articula a partir do seu acervo arquitetônico, um conjunto composto por doze importantes construções distribuídas pela cidade. São sítios históricos, onde se encontram moradias rurais dos séculos XVII, antigas residências situadas junto ao marco inicial da ocupação urbana na região central, assim como exemplares representativos de outros momentos significativos na nossa história e no nosso desenvolvimento. A exposição MORUMBI, CAXINGUI, BUTANTÃ se funda no próprio conceito de rede do Museu da Cidade, se espalhando por três de seus sítios históricos, conectando-os.

A mostra ocupa três unidades do Museu, a Capela do Morumbi, a Casa do Sertanista, e a Casa do Bandeirante, que recebem respectivamente instalações  dos artistas Marcius Galan, Matheus Rocha Pitta e Cinthia Marcelle.

A história do território dos três bairros onde estão localizados esses espaços guia a exposição. Morumbi, Caxingui e Butantã, remontam ao tempo da presença dos indígenas do grupo Tupi-Guarani nestes espaços, o que fica evidente na nomenclatura dos mesmos. O Morumbi, do “mero-obi”, que seria “morro ou colina muito alta” ou “mosca verde-azulada”, ou de “mará-obi” que significaria “lugar onde os guerreiros lutam” ou “lugar bom para tocaia”. O Caxingui, do “caátinguy”, uma espécie de planta venenosa, ou do “cuaxinguyba” uma planta da família das moráceas, ou mesmo, uma espécie de ratão-do-banhado. E o Butantã, que foi grafado ao longo do tempo na língua portuguesa como ibitatá, ybytantan, ubatantã e botantã, tem como possíveis significados “terra duríssima”, “terra socada” ou “terra de taipa”.*

MORUMBI, CAXINGUI, BUTANTÃ não é apenas estratégia de ocupação e diálogo com os respectivos espaços históricos. Amplia a discussão territorial e arquitetônica, para dialogar com a formação inicial da cidade, anterior inclusive aos espaços que ocupa, e principalmente, conecta a história da cidade com o viver na cidade contemporânea.

Douglas de Freitas
curador

 

MARCIUS GALAN – MARÁ-OBI

 

A instalação de Marcius Galan parte de uma das possíveis origens da palavra Morumbi, o tupi Mará-obi, que significa lugar de lutas, peleja oculta, cilada. O artista parte da tipologia de grades e cercas presentes na cidade contemporânea, para construir sua instalação. Na Capela do Morumbi essas grades se desconstroem para se ordenar em lanças. Mobiliário urbano de defesa e proteção vira ferramenta de batalha ou resistência. Essas lanças, grades e cercas se armam em estruturas, se espalham, ou se derretem pelo espaço. Mará-obi se funda no lapso entre a São Paulo pré-colonial da ocupação indígena, e a São Paulo contemporânea, dos grandes muros e grades.

MATHEUS ROCHA PITTA – REINTEGRAÇÃO DE POSSE

 

Em Reintegração de Posse Matheus Rocha Pitta ocupa o centro da Casa do Sertanista com sólidos de taipa de pilão, mesma técnica usada na construção da Casa. Tais blocos de taipa foram modelados a partir do volume de móveis e eletrodomésticos, que agora estão acorrentados ao redor dos elementos de terra, como que expulsos de seu lugar. A terra retoma a posse do espaço, mas paradoxalmente é memória dos elementos que o ocupavam anteriormente. Essa operação abre possíveis usos e histórias do espaço: a incerteza histórica toma formas modernas, embaralhando as coordenadas da vida contemporânea e do passado colonial.

CINTHIA MARCELLE – A FAMÍLIA EM DESORDEM com a participação de Aline Tosto, Bruna Braza, Bruno Augusto Faria, Bruno Augusto Ramos, Rafael Freire e Willieny Cruz

 

A Família em Desordem reage às propriedades arquitetônicas da Casa do Bandeirante ao criar duas estruturas que se apropriam do espelhamento da planta da Casa, produzindo também uma imagem espelhada da ordem e do caos. Cada espaço começa o processo contendo uma quantidade e variedade idênticas de materiais, tanto naturais como industriais, incluindo pedra, tijolo, giz e terra. Cinthia Marcelle trabalha coletivamente com artistas e profissionais do educativo do Museu da Cidade de São Paulo para desestabilizar e potencialmente destruir ou reconstruir uma das estruturas. O resultado visual deste processo permanece desconhecido até que a exposição seja aberta ao público.

Exposição
MORUMBI, CAXINGUI, BUTANTÃ

Curadoria
Douglas de Freitas

Artistas
Cinthia Marcelle
Marcius Galan
Matheus Rocha Pitta

Abertura
dia 1º de setembro de 2018
11h na Capela do Morumbi
14h na Casa do Sertanista
16h na Casa do Bandeirante

Exposição
de 02 de setembro de 2018
a 17 de fevereiro de 2019

Visitação
de terça a domingo
das 9h às 17h

entrada franca

imagens:
Detalhe da instalação Penetra de Marcius Galan realizada na Fundação Ema Klabin, foto de Marcelo Arruda. Detalhe de fotografia da série Brasil de Matheus Rocha Pitta. Detalhe de A Família em Desordem de Cinthia Marcelle no Modern Art Oxford, foto da artista