“Uma carta inteira. Uma palavra seguindo a outra, quantas palavras? Mandar carta para uma pessoa que não sabia ler, só sendo. A ponta do lápis pairou acima da linha. O próximo nome tinha escrito a carta cinquenta e dois anos antes. Ao lado do caderno, o envelope encruado, sempre fechado. Raimundo não deixou ninguém ler e envelheceu com o desejo de saber o que ela diz crescendo dentro dele. Feto idoso, rebento tardio. A carta guardava uma vida inteira.”
Assim o autor Stênio Garcia finaliza e instiga os leitores a adentrar cada vez mais no seu romance de estréia. “A Palavra que Resta” é um livro que trata sobre um tipo de relação violentada na estrutura da nossa sociedade, uma relação entre dois homens que é interferida pelo preconceito e que tem no objeto-carta uma simbologia que une o passado, futuro e presente, mostrando que tanto o que vivemos quanto o que imaginamos, o “dito” e o “não dito” e nossos sentimos moldam e constituem nossa identidade.
Dia 17/07, às 14h. O encontro será pela plataforma Google Meet e para participar basta se inscrever pelo site do MCSP.
Não é necessário ter lido o livro.
Imagem de capa: Índios da meia praia, de Daniela Reis, 2019. Reprodução de Bruno Martins.