Rafael Tobias de Aguiar

Rafael Tobias de Aguiar

 

Rafael Tobias de Aguiar nasceu em Sorocaba no dia 4 de outubro de 1794, filho do Coronel Antônio Francisco de Aguiar, negociante e administrador do Registro de Tropas em Sorocaba, e de Gertrudes Eufrosina de Aguirre.
Em 1798 foi inscrito pelo pai no Quadro de Regimento de Cavalaria da Vila. Aos treze anos veio para São Paulo para dar continuidade aos estudos de primeiras letras iniciados com os monges beneditinos, onde fez cursos de Latim, Retórica e Filosofia.

Com a morte do pai, em 1818, retornou a Sorocaba e o sucedeu na administração dos bens da família enquanto proprietário, fazendeiro e comerciante, acumulando, também, funções públicas no Registro de Animais, na Real Fábrica de Ferro de Ipanema, tornando-se destacado arrematador de impostos, o que o ligava às maiores fortunas locais.
Entrou na política em 1821 quando foi nomeado eleitor de comarca para eleger os deputados às cortes constituintes de Lisboa. Nessa época, o voto era indireto e a condição de votar e ser votado – eleitor e candidato – estava vinculada à posse de determinada quantia de riquezas. Em 1822 armou combatentes para integrarem o Batalhão dos Paulistas em defesa ao Príncipe D. Pedro durante a campanha de Independência.

Em 1824 foi eleito membro do Conselho da Província de São Paulo. Foi, também, nomeado pelo imperador para o Conselho de Estado, composto por membros vitalícios, criado por D. Pedro I após a dissolução da Assembléia Constituinte, que deveria ter elaborado a primeira constituição. Passou a residir definitivamente em São Paulo em 1830. Assumiu sucessivas vezes o cargo de deputado à Assembléia Geral Legislativa de São Paulo e o de Presidente da Província por dois mandatos, o de 1831/35 e 1840/41.No mandato de 1835 defendeu frente a Assembléia Legislativa Provincial a continuidade das obras do Jardim Publico,visando o embelezamento da cidade, que era tão desprovida de infra-estrutura como calçamentos.Já em 1841 o brigadeiro averiguou a impossibilidade de adaptar a estrada do Velho Caminho do Mar aos veículos,dessa forma abriu uma nova “picada”, a “estrada da Maioridade”.
Foi condecorado por seus serviços com a comenda da ordem de Cristo, dignitário da imperial ordem da Rosa e o posto de brigadeiro.

Na sua trajetória política, Rafael Tobias de Aguiar, partidário de idéias liberais, apresentava-se sempre contrário à centralização do poder. Em 17 de maio de 1842, os liberais paulistas proclamaram em Sorocaba, capital revoltosa paulista, Rafael Tobias de Aguiar como novo presidente interino, o qual assumiu a liderança da Revolução Liberal. Esta desencadeada pelo fato de que em 1841 foi elaborada uma lei que retomava o projeto centralizador defendido pelos conservadores.

Em 14 de junho do mesmo ano casou-se com Domitila no oratório particular de sua mãe. Embora seja um casamento tardio, considerando sua idade de 47 anos, era comum que o filho homem da elite estivesse financeiramente estabelecido para selar tal compromisso. Em termos da elite, significava o futuro da família e de seu patrimônio.
No dia 20 de junho, após choques com a tropa legalista chefiada pelo brigadeiro Caxias, que entrou vitorioso em Sorocaba, Rafael Tobias de Aguiar fugiu para o Rio Grande do Sul, onde foi preso em novembro. No mês seguinte, doente, foi levado para o Rio de Janeiro, onde ficou preso na Fortaleza da Laje até 1844, ano da concessão de anistia geral aos implicados na revolta.

Continuou a militar na política até os 63 anos, quando faleceu a bordo do navio Piratininga na baía de Guanabara. Seu corpo, embalsamado e trazido por Domitila para São Paulo, foi sepultado em 26 de outubro de 1857 no jazigo da Ordem Terceira da Igreja de São Francisco.