Artacho Jurado, arquiteto?

A arquitetura de João Artacho Jurado em São Paulo e Santos não passa despercebida. Quando vem à luz, a controvérsia marca a discussão acerca do seu valor, em especial entre profissionais e acadêmicos da área. Suas formas expressivas e detalhes requintados – que, em uma ótica mais crítica, se tornam rebuscadas e exageradas – colidem com o comedimento e a sobriedade da arquitetura moderna hegemônica nos anos 1950. O fato de Jurado não ter o título formal de arquiteto só reforça as objeções.

Mas, como disse Horácio em um adágio, 𝘷𝘦𝘳𝘪𝘵𝘢𝘴 𝘧𝘪𝘭𝘪𝘢 𝘵𝘦𝘮𝘱𝘰𝘳𝘪𝘴 (a verdade é filha do tempo). O reconhecimento que de imediato merece da maioria dos felizes moradores de seus edifícios vai se espraiando aos poucos na sociedade até ser elevado à condição de objeto cult, graças principalmente à crescente atenção dada pela grande mídia impressa e televisiva a partir do final do milênio. Último reduto da rejeição, o mundo acadêmico começa a se dobrar nos primeiros anos do presente século, quando arrisca abrir os olhos para o veredito popular.

É esse movimento de fora para dentro que a exposição “Artacho Jurado, arquiteto?” pretende explorar. E acalenta o desejo que cada um, ao final da visita, responda a indagação que a motiva.

Abílio Guerra
Curador

©Vic Von Poser, 2021