Solar da Marquesa de Santos | MCSP

Partindo do Páteo do Colégio, os primeiros povoadores passaram a ocupar os terrenos vizinhos, construindo suas moradias e formando as primeiras ruas da cidade. Na Rua do Carmo, hoje Roberto Simonsen no 136, localiza-se o Solar da Marquesa de Santos, raro exemplar de residência urbana do século 18.

Não há dados precisos sobre a data de construção desse imóvel. Em 1802, foi dado como pagamento de dívidas ao Brigadeiro José Joaquim Pinto de Morais Leme, primeiro proprietário documentalmente comprovado. Contudo, documentos do século 18 indicam a existência de quatro casas na Rua do Carmo entre 1739 e 1754. A junção de duas dessas casas de taipa de pilão teria originado o Solar, conforme registros fotográficos do século 19, além de prospecções arqueológicas e análises arquitetônicas realizadas pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH).

A Marquesa de Santos, Domitila de Castro Canto e Melo (1797 – 1867), foi a proprietária entre 1834 e 1867, adquirindo o imóvel da herdeira do Brigadeiro Leme. A partir de então, tornaram-se famosas as festas ali realizadas, e o imóvel passou a ser conhecido como Palacete do Carmo, uma das residências mais aristocráticas de São Paulo. Com sua morte, a propriedade da casa passou para seu filho, o Comendador Felício Pinto de Mendonça e Castro. No ano de 1880, é colocada em hasta pública e arrematada pela Mitra Diocesana, que aí instalou o Palácio Episcopal, introduzindo modificações no local, como a construção de uma capela e de uma cripta sob o altar-mor. É desse momento, provavelmente, a inclusão de características neoclássicas em sua fachada principal.

Em 1909, o imóvel foi adquirido pela The São Paulo Gaz Company, que nele instalou o seu escritório. Para adaptar-se ao novo uso, a casa passou por diversas modificações e ampliações: foram demolidas paredes de taipa de pilão, janelas e portas, transformadas em vitrines. Para melhorar a iluminação e a ventilação, foi aberto um pátio na lateral direita do lote, alterando o desenho do telhado. Na década de 1930 foram construídos anexos à edificação original, aumentando sua área útil e alterando por completo a fachada posterior do imóvel. Em 1967, a Companhia Paulista de Gás (sucessora da The São Paulo Gaz Company) foi desapropriada e todos os seus imóveis passaram à Prefeitura. Em 1975, já incorporado ao patrimônio municipal, o Solar foi sede da Secretaria Municipal de Cultura e alguns de seus departamentos, como o Departamento do Patrimônio Histórico, criado nesse ano.

Os diferentes usos e adaptações sucessivas levaram à descaracterização do imóvel, exigindo sua recuperação, que teve início em 1991. As pesquisas, que embasaram o projeto e as obras de restauração, revelaram não ser possível reconstituir qualquer estágio de construção dentre os vários pelos quais passou o Solar. Deste modo, o restauro realizado, conforme normas internacionais para intervenções em bens histórico-arquitetônicos, procurou preservar e destacar elementos de suas várias etapas construtivas: a conservação dos amplos ambientes do andar térreo, resultantes das diversas demolições, a preservação no pátio interno de vestígios remanescentes da calçada do século 18 e a demolição de intervenções da década de 1960.

O pavimento superior conserva até hoje paredes de taipa de pilão e pau-a-pique do século 18 e mantém as características ambientais das intervenções do século 19, como forros apainelados, pinturas murais e artísticas e pisos assoalhados, entre outras. Trechos de diversas paredes foram deixados aparentes, com o intuito de informar sobre as antigas e as novas técnicas construtivas encontradas no Solar, como a taipa de pilão, o pau-a-pique, a taipa francesa e a alvenaria de tijolos. Quanto ao tratamento dado à fachada, optou-se por conservar sua feição neoclássica, já incorporada à paisagem do centro.

O Solar da Marquesa de Santos abriga atividades museológicas e a sede do Museu da Cidade de São Paulo.



Saiba Mais

Conheça a Marquesa de Santos
Domitila de Castro Canto e Melo nasceu em São Paulo no dia 27 de dezembro de 1797, filha de Escolástica Bonifácia de Toledo Ribas e do português João de Castro Canto e Melo, que ocupava a função militar de ajudante, na ocasião de seu nascimento.

Quem foi Raphael Tobias de Aguiar
Rafael Tobias dos Santos de Aguiar nasceu em Sorocaba no dia 4 de outubro de 1794, filho do Coronel Antônio Francisco de Aguiar, negociante e administrador do Registro de Tropas em Sorocaba, e de Gertrudes Eufrosina de Aguirre.

Taipa de Pilão
A taipa de pilão caracterizou todas as construções paulistas dos séculos XVI, XVII, XVIII e primeira metade do XIX, numa persistência cultural decorrente, sobretudo, do isolamento causado pela dificuldade de transposição da Serra do Mar.


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Visitas educativas
Sem necessidade de agendamento para visitas espontâneas.
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Horário
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Transporte
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Museu da Cidade de São Paulo / Solar da Marquesa de Santos
Rua Roberto Simonsen, 136 – Sé – São Paulo – SP
01017-020